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sexta-feira, 29 de julho de 2011

Os concurseiros são as futuras putas do governo?

Entre num cursinho e pergunte ao candidato sobre a vaga que ele deseja conquistar. A resposta não será sobre as atribuições do cargo, mas em relação ao salário. "É para auditor de alguma coisa, fiscal de não sei lá o que. Paga bem e tem estabilidade, isso que importa".

Trabalhar só pensando na grana é uma armadilha. É assim que muitas pessoas acabam na prostituição, por exemplo. Sim, porque vender o corpo também paga bem. E não estou dizendo que não tenha gente que gosta. No entanto, para a maioria é terrível ter que ir todo dia e doar oito horas da sua vida para um serviço que não agrada. O mais assustador é que hoje temos milhares de pessoas se esforçando para alcançar esse exato objetivo.

E quando ele é conquistado torna-se um peso. Se você é daqueles que faz o que gosta, eu garanto que seu trabalho já é dureza, uma vez que até mesmo o que a gente ama tem um lado difícil de lidar. Imagina todo dia fazendo aquilo que não lhe apatece? É como namorar alguém só pela grana.

O índice de endividamento entre os funcionários públicos é grande, mesmo aqueles com altos salários. Por que? Porque não há satisfação no trabalho. Auditor do Tribunal de Contas da União? Pouca gente nasceu para fazer isso e de todos que chegaram lá, quem está realmente feliz? A insatisfação é compensada com gastos, nossa maneira moderna de fugir da dura realidade. Com gastos e mau humor.

É fácil encontrar em qualquer repartição cartazes avisando que é crime desacatar um funcionário público. É como dizer "olha, quando você for mal atendido, não reclame porque é crime". Nunca vi um cartaz informando sobre os direitos do cidadão que está sendo atendido.

O pior é que a Lei 8.112, a tal que garante estabilidade, só piora as coisas. Um funcionário público tem que  fazer uma merda muito grande para perder o emprego. A lei protege o incompetente e não tem mecanismos para premiar aquele que faz bem o seu trabalho.

Insatisfeito e estável, o funcionário público segue sua vida pensando: deveria ter seguido meu verdadeiro sonho?

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