Imagina que você começou num emprego novo. Ao lado da sua mesa de trabalho há um cofre cheio de dinheiro. Ele está com a porta aberta e o dono da grana nunca aparece por lá. Todo santo dia aquele monte de verba na sua frente. O pior: você desconfia que se tirar uma parte do dinheiro dali, ninguém vai notar. E se notar, não fará nada.
Assim se sentem alguns políticos brasileiros. Uma pequena parte é realmente honesta, nunca vai roubar, mesmo com o cofre aberto. Outra pequena parte é realmente corrupta e roubaria o cofre até se ele estivesse fechado. O restante (a maioria) é simplesmente humana.
Por isso eu creio que grande parte dos políticos rouba pela oportunidade que nós damos a eles. Você sabia que sua prefeitura é obrigada a lhe fornecer suas planilhas de gastos? A Lei de Responsabilidade Fiscal garante esse direito. Quantas visitas você faz à prefeitura por ano para checar se está tudo bem? "O hospital não tem remédios, por que diabos? Me veja aí as contas da Saúde, eu quero ver o que está acontecendo". E olha que muitos dos repasses já estão na internet, no Portal da Transparência.
Porém, talvez você seja mais um dos enganados que pensam na democracia como "um dia para ir votar e pronto". Não se engane. Votar é só um dos aspectos da democracia. Mais importante que escolher o político é cobrá-lo depois de eleito. E isso nós não fazemos. Somos chefes que nunca aparecem na repartição e quando some algum dinheiro, a gente ainda tem a cara de pau de reclamar.
Você vai me dizer que o ideal era escolher uma pessoa honesta. Concordo, porém eu sei bem o mundo no qual vivo. Aliás, todos sabemos. Ou sendo você dono de uma empresa, faria o mesmo? Escolheria um empregado e o deixaria controlando o seu dinheiro por quatro anos sem sequer cobrá-lo? Jamais.
O mais estranho é que, sendo sua empresa ou o governo, nos dois casos o dinheiro sai direto do seu bolso.
segunda-feira, 15 de agosto de 2011
A oportunidade faz o ladrão
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Eduardo Ratel
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terça-feira, 9 de agosto de 2011
A Marcha das Vadias imbecis
Liberdade de expressão é algo sagrado na democracia. No entanto, isso não impede que os objetos das manifestações sejam coisas idiotas. A internet claramente potencializa esse tipo específico de mobilização, uma vez que põe em contato pessoas com ideias parecidas, mesmo que essas ideias sejam imbecis.
Exemplo é a Marcha das Vadias.
Seria mais útil ver cidadãos exigindo que o governo investisse em educação. Que tal pedir que o currículo escolar incluísse Direitos Humanos? Seria a melhor maneira de criar uma geração de brasileiros incapazes de agredir uma mulher ou julgá-la mal só por causa das roupas que ela veste.
Porém, veja que o próprio movimento se trai: "não queremos ser chamadas de vagabundas, mas o nome da nossa manifestação é Marcha das Vadias". Estranho? Não, é o resultado incoerente (e óbvio) de um movimento social iniciado às pressas pela internet e motivado por revanchismo contra um despreparado que fez um comentário infeliz no Canadá. Não tem base. Por isso a Marcha das Vadias se torna somente um flash mob ordinário, exceto por duas gotas de ideologia barata.
Os manifestantes lutam para mascarar o sintoma, porém não se preocupam em curar a doença. É como tomar um analgésico e achar que, por não sentir mais dor, se curou do câncer.
Marcha da Educação é melhor. E ainda resolveria não só esse problema da violência contra a mulher, mas boa parte de todos os nossos problemas socias.
Exemplo é a Marcha das Vadias.
Seria mais útil ver cidadãos exigindo que o governo investisse em educação. Que tal pedir que o currículo escolar incluísse Direitos Humanos? Seria a melhor maneira de criar uma geração de brasileiros incapazes de agredir uma mulher ou julgá-la mal só por causa das roupas que ela veste.
Porém, veja que o próprio movimento se trai: "não queremos ser chamadas de vagabundas, mas o nome da nossa manifestação é Marcha das Vadias". Estranho? Não, é o resultado incoerente (e óbvio) de um movimento social iniciado às pressas pela internet e motivado por revanchismo contra um despreparado que fez um comentário infeliz no Canadá. Não tem base. Por isso a Marcha das Vadias se torna somente um flash mob ordinário, exceto por duas gotas de ideologia barata.
Os manifestantes lutam para mascarar o sintoma, porém não se preocupam em curar a doença. É como tomar um analgésico e achar que, por não sentir mais dor, se curou do câncer.
Marcha da Educação é melhor. E ainda resolveria não só esse problema da violência contra a mulher, mas boa parte de todos os nossos problemas socias.
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segunda-feira, 8 de agosto de 2011
Metáfora
Dois irmãos vivem numa casa. Um mais velho, outro mais novo. São inimigos, no entanto sócios num orfanato. Cuidam de recém-nascidos abandonados até que eles cheguem aos 18 anos de idade.
O irmão mais velho cuida dos bebês. Ele costuma dar-lhe taças de cristal para que segurem, no entanto os pequenos não conseguem mantê-las firmes nas mãos e as quebram. O irmão mais velho as pune pelo erro, mesmo sabendo que é da natureza dos bebês não ter as mãos firmes. Porém, há mais: o irmão mais velho criou os bebês da exata maneira que eles são, sem as mãos firmes. E mesmo os tendo criado desse jeito, quando eles derrubam as taças, o irmão mais velho ainda assim os pune pelo erro.
E mesmo quando as crianças crescem, o irmão mais velho sempre acha novas tarefas as quais elas não podem cumprir devido sua própria natureza. E ainda as acusa de terem sido abandonadas, mas sabe-se que é ele mesmo (o irmão mais velho) o pai de todas elas.
No entanto, o irmão mais velho sempre diz aos órfãos: "quando vocês completarem dezoito anos e saírem do orfanato, me procurem novamente. Eu tenho outra casa em outro lugar e estarei esperando vocês. Lá todos serão bem tratados, será bem melhor do que aqui".
O irmão mais novo tem pena dos órfãos. Ele os aceita como eles são. Não os censura quando eles agem de acordo com sua natureza. Ele vive no mesmo quarto com eles, em meio aos cacos de vidro. Ele pretende tomar o orfanato para si, de modo que possa tratar os bebês da maneira que julga correta: respeitando a natureza deles. O irmão mais novo não promete nada, não espera nada dos bebês.
Os bebês crescem e alguns poucos se afeiçoam ao irmão mais novo. No entanto, surpreendentemente, a maioria se afeiçoa ao irmão mais velho. E quando aos dezoito anos deixam a casa, querem voltar a encontrar o irmão mais velho, lembrando da promessa feita por ele.
O irmão mais velho é Deus. O irmão mais novo é o Diabo. Os órfãos formam a humanidade.
O irmão mais velho cuida dos bebês. Ele costuma dar-lhe taças de cristal para que segurem, no entanto os pequenos não conseguem mantê-las firmes nas mãos e as quebram. O irmão mais velho as pune pelo erro, mesmo sabendo que é da natureza dos bebês não ter as mãos firmes. Porém, há mais: o irmão mais velho criou os bebês da exata maneira que eles são, sem as mãos firmes. E mesmo os tendo criado desse jeito, quando eles derrubam as taças, o irmão mais velho ainda assim os pune pelo erro.
E mesmo quando as crianças crescem, o irmão mais velho sempre acha novas tarefas as quais elas não podem cumprir devido sua própria natureza. E ainda as acusa de terem sido abandonadas, mas sabe-se que é ele mesmo (o irmão mais velho) o pai de todas elas.
No entanto, o irmão mais velho sempre diz aos órfãos: "quando vocês completarem dezoito anos e saírem do orfanato, me procurem novamente. Eu tenho outra casa em outro lugar e estarei esperando vocês. Lá todos serão bem tratados, será bem melhor do que aqui".
O irmão mais novo tem pena dos órfãos. Ele os aceita como eles são. Não os censura quando eles agem de acordo com sua natureza. Ele vive no mesmo quarto com eles, em meio aos cacos de vidro. Ele pretende tomar o orfanato para si, de modo que possa tratar os bebês da maneira que julga correta: respeitando a natureza deles. O irmão mais novo não promete nada, não espera nada dos bebês.
Os bebês crescem e alguns poucos se afeiçoam ao irmão mais novo. No entanto, surpreendentemente, a maioria se afeiçoa ao irmão mais velho. E quando aos dezoito anos deixam a casa, querem voltar a encontrar o irmão mais velho, lembrando da promessa feita por ele.
O irmão mais velho é Deus. O irmão mais novo é o Diabo. Os órfãos formam a humanidade.
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sexta-feira, 5 de agosto de 2011
Breve história do machismo
Grande texto de Olavo de Carvalho:
As mulheres sempre foram exploradas pelos homens. Nosso relato começa na aurora dos tempos, em algum momento impreciso entre Neanderthal e Cro-Magnon. Nessas eras sombrias, começou a exploração da mulher. Eram tempos duros. Vivendo em tocas, as comunidades humanas eram constantemente assoladas pelos ataques das feras. Os machos, aproveitando-se de suas prerrogativas de classe dominante, logo trataram de assegurar para si os lugares mais confortáveis e seguros da ordem social: ficavam no interior das cavernas, os safados, fazendo comida para os bebês e penteando os cabelos, enquanto as pobres fêmeas, armadas tão-somente de porretes, saíam para enfrentar leões e ursos.
Quando a economia de coleta foi substituída pela agricultura e pela pecuária, novamente os homens deram uma de espertinhos, atribuindo às mulheres as tarefas mais pesadas, como a de carregar as pedras, domar os cavalos, abrir sulcos na terra com o arado, enquanto eles, os folgadinhos, ficavam em casa pintando potes e brincando de tecelagem. Coisa revoltante.
Quando os grandes impérios da antiguidade se dissolveram, cedendo lugar aos feudos perpetuamente em guerra uns com os outros, estes logo constituíram seus exércitos particulares, formados inteiramente de mulheres, enquanto os homens se abrigavam nos castelos e ali ficavam no bem-bom, curtindo os poemas que as guerreiras, nos intervalos dos combates, compunham em louvor de seus encantos varonis.
Quando alguém teve a extravagante idéia de cristianizar o mundo, tornando-se necessário para tanto enviar missionários a toda parte, onde arriscavam ser empalados pelos infiéis, esfaqueados pelos salteadores de estradas ou trucidados pelo auditório entediado com os seus sermões, foi novamente sobre as mulheres que recaiu o pesado encargo, enquanto os machos ficavam maquiavelicamente fazendo novenas ante os altares domésticos.
Idêntica exploração sofreram as infelizes por ocasião das cruzadas, onde, armadas de pesadíssimas armaduras, atravessaram os desertos para ser passadas a fio d’espada pelos mouros (ou antes, pelas mouras, já que o machismo dos sequazes de Maomé não era menor que o nosso). E as grandes navegações, então! Em demanda de ouro e diamantes para adornar os ociosos machos, bravas navegantes atravessavam os sete mares e davam combate a ferozes indígenas que, quando as comiam, – era porca miséria! – no sentido estritamente gastronômico da palavra.
Finalmente, quando o Estado moderno instituiu o recrutamento militar obrigatório, foi de mulheres que se formaram os exércitos estatais, com pena de guilhotina para as fujonas e recalcitrantes, tudo para que os homens pudessem ficar em casa lendo A Princesa de Clèves.
Há milênios, em suma, as mulheres morrem nos campos de batalha, carregam pedras, erguem edifícios, lutam com as feras, atravessam desertos, mares e florestas, sacrificando tudo por nós, os ociosos machos, aos quais não sobra nenhum desafio mais perigoso que o de sujar nossas mãozinhas nas fraldas dos nossos bebês.
Em troca do sacrifício de suas vidas, nossas heróicas defensoras não têm exigido de nós senão o direito de falar grosso em casa, de furar umas toalhas de mesa com pontas de cigarros e, eventualmente, de largar um par de meias no meio da sala para a gente catar.
As mulheres sempre foram exploradas pelos homens. Nosso relato começa na aurora dos tempos, em algum momento impreciso entre Neanderthal e Cro-Magnon. Nessas eras sombrias, começou a exploração da mulher. Eram tempos duros. Vivendo em tocas, as comunidades humanas eram constantemente assoladas pelos ataques das feras. Os machos, aproveitando-se de suas prerrogativas de classe dominante, logo trataram de assegurar para si os lugares mais confortáveis e seguros da ordem social: ficavam no interior das cavernas, os safados, fazendo comida para os bebês e penteando os cabelos, enquanto as pobres fêmeas, armadas tão-somente de porretes, saíam para enfrentar leões e ursos.
Quando a economia de coleta foi substituída pela agricultura e pela pecuária, novamente os homens deram uma de espertinhos, atribuindo às mulheres as tarefas mais pesadas, como a de carregar as pedras, domar os cavalos, abrir sulcos na terra com o arado, enquanto eles, os folgadinhos, ficavam em casa pintando potes e brincando de tecelagem. Coisa revoltante.
Quando os grandes impérios da antiguidade se dissolveram, cedendo lugar aos feudos perpetuamente em guerra uns com os outros, estes logo constituíram seus exércitos particulares, formados inteiramente de mulheres, enquanto os homens se abrigavam nos castelos e ali ficavam no bem-bom, curtindo os poemas que as guerreiras, nos intervalos dos combates, compunham em louvor de seus encantos varonis.
Quando alguém teve a extravagante idéia de cristianizar o mundo, tornando-se necessário para tanto enviar missionários a toda parte, onde arriscavam ser empalados pelos infiéis, esfaqueados pelos salteadores de estradas ou trucidados pelo auditório entediado com os seus sermões, foi novamente sobre as mulheres que recaiu o pesado encargo, enquanto os machos ficavam maquiavelicamente fazendo novenas ante os altares domésticos.
Idêntica exploração sofreram as infelizes por ocasião das cruzadas, onde, armadas de pesadíssimas armaduras, atravessaram os desertos para ser passadas a fio d’espada pelos mouros (ou antes, pelas mouras, já que o machismo dos sequazes de Maomé não era menor que o nosso). E as grandes navegações, então! Em demanda de ouro e diamantes para adornar os ociosos machos, bravas navegantes atravessavam os sete mares e davam combate a ferozes indígenas que, quando as comiam, – era porca miséria! – no sentido estritamente gastronômico da palavra.
Finalmente, quando o Estado moderno instituiu o recrutamento militar obrigatório, foi de mulheres que se formaram os exércitos estatais, com pena de guilhotina para as fujonas e recalcitrantes, tudo para que os homens pudessem ficar em casa lendo A Princesa de Clèves.
Há milênios, em suma, as mulheres morrem nos campos de batalha, carregam pedras, erguem edifícios, lutam com as feras, atravessam desertos, mares e florestas, sacrificando tudo por nós, os ociosos machos, aos quais não sobra nenhum desafio mais perigoso que o de sujar nossas mãozinhas nas fraldas dos nossos bebês.
Em troca do sacrifício de suas vidas, nossas heróicas defensoras não têm exigido de nós senão o direito de falar grosso em casa, de furar umas toalhas de mesa com pontas de cigarros e, eventualmente, de largar um par de meias no meio da sala para a gente catar.
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terça-feira, 2 de agosto de 2011
Você procriou. Até aí nada demais
O filho dela pega um copo d'água e começa a misturar um monte de coisas. Põe um pouco de mel, terra, detergente, faz uma farra. A mãe olha a cena e diz: nossa, ele é meio cientista, está misturando tudo, com certeza vai ter queda para química. Sim, mas ele também pode se tornar um barman. Eles também fazem misturas, certo?
Poucas coisas são mais chatas do que pais deslumbrados. Daqueles que dizem "o meu filho já está andando" como se o garoto fosse algum tipo de gênio por fazer algo que uma gazela faz 10 minutos depois de nascer. Ou então "fulaninho tem dois anos e já come sozinho", enquanto um labrador com a mesma idade guia um cego pelas movimentadas ruas da cidade. E ainda se alimenta sozinho também, mas bem mais cedo.
OK, você procriou, mas isso não é nenhum tipo de milagre. Fosse algo difícil de fazer, não precisaríamos nos preocupar com alta taxa de natalidade nos países de terceiro mundo. Ser pai ou mãe é algo tão ordinário que não precisa de qualquer licença do governo. Só para comparar, se você quiser ter um trailler de cachorro-quente vai precisar de algum tipo de autorização. Para colocar um filho no mundo não precisa de nada, basta juntar um homem e uma mulher. E eles nem precisam ser inteligentes.
E por falar nisso, não, ele não é um gênio. Ele é saudável e vai penar na vida com decepções, vai ser feliz vez ou outra, como todos nós. Se você der muita sorte ele não vai lhe encher o saco durante a adolescência. E por favor, não projete. Não faça o infeliz aprender três idiomas só porque você queria fazer isso e não fez. A vida é dele, mesmo tendo você brincado de Deus e o criado a partir do nada. E agora que ele vai crescendo, é impossível controlar o processo. Ou você acha que a mãe do Hitler pensou que o filho ia fazer esse estrago todo?
É claro, vai que ele vira o novo Isaac Newton, nunca se sabe. Mas eu ainda acho mais seguro comprar um labrador.
Poucas coisas são mais chatas do que pais deslumbrados. Daqueles que dizem "o meu filho já está andando" como se o garoto fosse algum tipo de gênio por fazer algo que uma gazela faz 10 minutos depois de nascer. Ou então "fulaninho tem dois anos e já come sozinho", enquanto um labrador com a mesma idade guia um cego pelas movimentadas ruas da cidade. E ainda se alimenta sozinho também, mas bem mais cedo.
OK, você procriou, mas isso não é nenhum tipo de milagre. Fosse algo difícil de fazer, não precisaríamos nos preocupar com alta taxa de natalidade nos países de terceiro mundo. Ser pai ou mãe é algo tão ordinário que não precisa de qualquer licença do governo. Só para comparar, se você quiser ter um trailler de cachorro-quente vai precisar de algum tipo de autorização. Para colocar um filho no mundo não precisa de nada, basta juntar um homem e uma mulher. E eles nem precisam ser inteligentes.
E por falar nisso, não, ele não é um gênio. Ele é saudável e vai penar na vida com decepções, vai ser feliz vez ou outra, como todos nós. Se você der muita sorte ele não vai lhe encher o saco durante a adolescência. E por favor, não projete. Não faça o infeliz aprender três idiomas só porque você queria fazer isso e não fez. A vida é dele, mesmo tendo você brincado de Deus e o criado a partir do nada. E agora que ele vai crescendo, é impossível controlar o processo. Ou você acha que a mãe do Hitler pensou que o filho ia fazer esse estrago todo?
É claro, vai que ele vira o novo Isaac Newton, nunca se sabe. Mas eu ainda acho mais seguro comprar um labrador.
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sexta-feira, 29 de julho de 2011
Os concurseiros são as futuras putas do governo?
Entre num cursinho e pergunte ao candidato sobre a vaga que ele deseja conquistar. A resposta não será sobre as atribuições do cargo, mas em relação ao salário. "É para auditor de alguma coisa, fiscal de não sei lá o que. Paga bem e tem estabilidade, isso que importa".
Trabalhar só pensando na grana é uma armadilha. É assim que muitas pessoas acabam na prostituição, por exemplo. Sim, porque vender o corpo também paga bem. E não estou dizendo que não tenha gente que gosta. No entanto, para a maioria é terrível ter que ir todo dia e doar oito horas da sua vida para um serviço que não agrada. O mais assustador é que hoje temos milhares de pessoas se esforçando para alcançar esse exato objetivo.
E quando ele é conquistado torna-se um peso. Se você é daqueles que faz o que gosta, eu garanto que seu trabalho já é dureza, uma vez que até mesmo o que a gente ama tem um lado difícil de lidar. Imagina todo dia fazendo aquilo que não lhe apatece? É como namorar alguém só pela grana.
O índice de endividamento entre os funcionários públicos é grande, mesmo aqueles com altos salários. Por que? Porque não há satisfação no trabalho. Auditor do Tribunal de Contas da União? Pouca gente nasceu para fazer isso e de todos que chegaram lá, quem está realmente feliz? A insatisfação é compensada com gastos, nossa maneira moderna de fugir da dura realidade. Com gastos e mau humor.
É fácil encontrar em qualquer repartição cartazes avisando que é crime desacatar um funcionário público. É como dizer "olha, quando você for mal atendido, não reclame porque é crime". Nunca vi um cartaz informando sobre os direitos do cidadão que está sendo atendido.
O pior é que a Lei 8.112, a tal que garante estabilidade, só piora as coisas. Um funcionário público tem que fazer uma merda muito grande para perder o emprego. A lei protege o incompetente e não tem mecanismos para premiar aquele que faz bem o seu trabalho.
Insatisfeito e estável, o funcionário público segue sua vida pensando: deveria ter seguido meu verdadeiro sonho?
Trabalhar só pensando na grana é uma armadilha. É assim que muitas pessoas acabam na prostituição, por exemplo. Sim, porque vender o corpo também paga bem. E não estou dizendo que não tenha gente que gosta. No entanto, para a maioria é terrível ter que ir todo dia e doar oito horas da sua vida para um serviço que não agrada. O mais assustador é que hoje temos milhares de pessoas se esforçando para alcançar esse exato objetivo.
E quando ele é conquistado torna-se um peso. Se você é daqueles que faz o que gosta, eu garanto que seu trabalho já é dureza, uma vez que até mesmo o que a gente ama tem um lado difícil de lidar. Imagina todo dia fazendo aquilo que não lhe apatece? É como namorar alguém só pela grana.
O índice de endividamento entre os funcionários públicos é grande, mesmo aqueles com altos salários. Por que? Porque não há satisfação no trabalho. Auditor do Tribunal de Contas da União? Pouca gente nasceu para fazer isso e de todos que chegaram lá, quem está realmente feliz? A insatisfação é compensada com gastos, nossa maneira moderna de fugir da dura realidade. Com gastos e mau humor.
É fácil encontrar em qualquer repartição cartazes avisando que é crime desacatar um funcionário público. É como dizer "olha, quando você for mal atendido, não reclame porque é crime". Nunca vi um cartaz informando sobre os direitos do cidadão que está sendo atendido.
O pior é que a Lei 8.112, a tal que garante estabilidade, só piora as coisas. Um funcionário público tem que fazer uma merda muito grande para perder o emprego. A lei protege o incompetente e não tem mecanismos para premiar aquele que faz bem o seu trabalho.
Insatisfeito e estável, o funcionário público segue sua vida pensando: deveria ter seguido meu verdadeiro sonho?
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quinta-feira, 28 de julho de 2011
Eles gostam dos Beatles pelo motivo errado
As pessoas preferem os Beatles na fase em que eles eram uma banda ordinária. Love Me Do, Please Please Me, canções estilo iê iê iê, micadas pela nossa terrível Jovem Guarda - aliás, vocês já pararam para pensar que a turma do Roberto Carlos não fez nada além de copiar músicas gringas?
Até o álbum Revolver os Beatles eram só mais um grupo entre os milhares começando com The. Faziam o mesmo rock popularizado por Elvis seis anos antes e seguiam a trilha de uma porrada de outras bandas do mesmo estilo. É claro, eles eram os mais populares, mas até então viviam de menininhas gritando afoitas durante os shows, nada que o Luan Santana não faça também.
Mas foi no declínio dessa loucura toda que eles finalmente param e fazem [com calma e esmero inéditos] o seu grande álbum - Sargento Pimenta, levando o rock a outro nível de complexidade. E isso muita gente sabe, mas é estranho que dessa nova fase pouca gente gosta.
Você curte Beatles? O camarada diz que sim e assobia Twist and Shout, sem saber que a música nem é deles.
Como afirmei acima, preferem a época iê iê iê, o período ordinário. Continuam admirando a banda do mesmo modo que faziam as fãs berronas e burrinhas. Não que as músicas desse período sejam ruins, mas muita gente que fez no mesmo naipe fez até melhor.
Mais adequado é reconhecer os Beatles pelo que eles fizeram de extraordinário.
Até o álbum Revolver os Beatles eram só mais um grupo entre os milhares começando com The. Faziam o mesmo rock popularizado por Elvis seis anos antes e seguiam a trilha de uma porrada de outras bandas do mesmo estilo. É claro, eles eram os mais populares, mas até então viviam de menininhas gritando afoitas durante os shows, nada que o Luan Santana não faça também.
Mas foi no declínio dessa loucura toda que eles finalmente param e fazem [com calma e esmero inéditos] o seu grande álbum - Sargento Pimenta, levando o rock a outro nível de complexidade. E isso muita gente sabe, mas é estranho que dessa nova fase pouca gente gosta.
Você curte Beatles? O camarada diz que sim e assobia Twist and Shout, sem saber que a música nem é deles.
Como afirmei acima, preferem a época iê iê iê, o período ordinário. Continuam admirando a banda do mesmo modo que faziam as fãs berronas e burrinhas. Não que as músicas desse período sejam ruins, mas muita gente que fez no mesmo naipe fez até melhor.
Mais adequado é reconhecer os Beatles pelo que eles fizeram de extraordinário.
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